Roberto da Serrinha

03 outubro 2007

A partilha

Sérgio Fonseca-Romildo

Já que não existe mais aquele amor tão profundo
o melhor que agente faz e dividir nosso mundo bis

Você fica com a vitrola e com os quadros da parede
que eu fico com a viola o meu samba e minha sede
Você fica com a gaiola e com o passarinho verde
que em qualquer brinco de argola eu penduro minha rede

Já que não existe mais aquele amor tão profundo
o melhor que agente faz e dividir nosso mundo bis

Você fica com as crianças e com toda essa mobilia
que eu só quero as esperanças que não cabem na partilha
Você leva as alianças que eu farei da minha ilha
com a poeira das lembranças o meu album de familia.

Já que não... bis

E pra não dizer depois quando a febre for mais alta
que esse amor não deu pra dois mais vontade e o que não falta
O destino e que compos esse drama de ribalta
no seu rosto Pó de Arroz no meu peito a cruz de malta.

Já que não existe mais aquele amor tão profundo
o melhor que aGente faz e dividir nosso mundo bis

La la laia..

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Que espetáculo de música gravada de forma magistral por Roberto Ribeiro. Do album "Coisas da Vida" esta música em melodia e letra, traduz de forma melancólica a separação de um casal e a partilha de tudo. Conheci esta música através de um casal maravilhoso, que infelizmente se separou e deixou todos nós que os conhecemos um pouco zonzos. Mas, são coisas da vida ...

26 outubro 2006

Memorável, o show em homenagem a Roberto Ribeiro !!!


Parabéns a Alex Ribeiro (filho do sambista), ao Grupo Caviúna e toda a produção do show. Foi um espetáculo. Só por relembrar as músicas do nosso ídolo já seria maravilhoso, mas o show ainda teve a presença de excelentes músicos, dentre eles, Gabriel Cavalcante(cavaquinho) e Patrick (Violão de 7 cordas) e principalmente a presença de grandes mestres de nosso samba, todos eles ligados de alguma forma a Roberto Ribeiro.

O primeiro a se apresentar foi Noca da Portela e foi seguido de Marcelo Guimarães que levou de forma magistral a música "Vazio". Mano Délcio da Viola levou "Acreditar" de sua autoria e D. Ivone Lara. Diogo Nogueira entre outras cantou "Correntes de Aço", uma parceria de seu pai, João Nogueira, com Paulo Cesar Pinheiro.

"Já que não existe mais aquele amor tão profundo, o melhor que a gente faz é dividir nosso mundo". Esses versos são de "A partilha" que no show foi interpretada por Toninho Geraes. Aliás, esta música é uma jóia rara e retrata de forma magistral a separação de um casal e sua consequente partilha de bens.

Logo em seguida cantaram Zé Luis do Império e Mestre Monarco da Portela. Como foi bom ouvir "Proposta Amorosa", de autoria do proprio Monarco, saída de sua voz de veludo. Neguinho da Beija-Flor cantou "Gamação Danada" e fez um duo com Alex Ribeiro que levou o show até o fim cantando nada mais, nada menos do que "Estrela de Madureira" e "Resto de Esperança".

No final, Alex Ribeiro, chamou seu filinho ao palco e perguntou-lhe qual a música do avô que ele mais gostava. O moleque foi certeiro: "Malandros Maneiros". O encerramento do show foi apoteótico com Alex chamando as baianas do Império Serrano e cantando dois sambas antológicos da escola da Serrinha:
O primeiro não sei o nome mas o seu verso principal é mais ou menos assim: "È tempo de carnaval e as cores do Império vêm saudar ..." Este samba é simplesmente maravilhoso. O Outro samba cantado foi "Aquarela Brasileira". Precisa falar mais alguma coisa.

E o último ato, foi de improviso, com a presença inesperada de Nelson Sargento e todo mundo cantando "Samba, agoniza mais não morre...".

Ficou só um gosto de frustração, por eu nunca ter visto, ao vivo, estas músicas saírem da voz de Roberto Ribeiro.

Amanhã, posto as fotos do show !!!

25 outubro 2006

Hoje: show em homenagem à Roberto Ribeiro !!!

No ano de 2006 se completam dez anos da morte de Roberto Ribeiro - para muitos, o maior cantor de samba do país. A data será lembrada nesta quarta (25) no Teatro João Caetano, Centro do Rio, com um grande show.

O espetáculo será comandado por Alex Ribeiro, filho de Roberto, e pelo grupo Caviúna. Eles receberão como convidados Monarco, Zé Luiz do Império Serrano (escola do coração de Roberto), Delcio Carvalho, Noca da Portela,
Neguinho da Beija-Flor, Diogo Nogueira, Toninho Gerais e Marcelo Guimarães.

Os músicos do Caviúna são Luciano Macedo (voz e percussão), Patrick Ângelo (violão de 7 cordas), Abel Luiz (cavaquinho), João Rafael (pandeiro) e Luiz Augusto (repique de anel, congas e caixa). Eles contarão com as paticipações de Gabriel Cavalcante (cavaquinho), Visual (surdo), Jorge Alexandre (tantã) e Critina Deane e Analimar (coro).

Maiores informações: 2221-1223
Horário: 18h30
Preços: R$ 10 e R$ 5 (idosos e estudantes).

Fonte: Agenda Samba e Choro.

17 outubro 2006

Disco "Arrasta Povo" - 1976 - Odeon

Este disco inicia a sequência de discos antológicos, recheados de clássicos do sambista. Só pra começar, três destes clássicos: "Tempo ê", "Acreditar" e "Quitandeiro".
"Samba do Irajá" é um sambinha gostoso de Nei Lopes.
"Podes rir" é linda. Típica música que combina com a voz e o jeito de cantar de Roberto Ribeiro. Dá vontade de colocar a música, abrir uma cerveja, curtir a melodia bebendo uma geladinha e lembrar das paixões que tivemos na vida, afinal: -"Quem é que não chora, quem é que não sente?"
"Império Bamba" é uma homenagem que o autor faz a sua escola de coração, a Império Serrano que é seguida do samba de enredo dessa mesma escola, "Glórias e graças da Bahia", de Silas de Oliveira.
"Lua Aberta" e "Rose" são as músicas dor de cotovelo do disco.
"Samba do Sofá" de Dicró e Geraldo Babão, como não poderia deixar de ser, pela característica destes dois é muito engraçada. Conta a história de um cara que pegou e mulher dele com outro no sofá e ficou tão chateado que resolveu tomar uma decisão drástica: vender o sofá. Genial !!!
O disco é encerrado com a música do seu cunhado Jorge Lucas, "Meu pranto continua" e com "Moda-ruê" relembrando as origens africanas do autor.

1- Tempo Ê (Zé Luis-Nelson Rufino)
2- Acreditar (Ivone Lara-Délcio Carvalho)
3- O quitandeiro (Monarco-Paulo da Portela)
4- Samba do Irajá(Nei Lopes)
5- Podes rir (Daniel de Santana-Comprido)
6- Império bamba (Joel Menezes-Roberto Ribeiro)
7- Glórias e graças da Bahia(Joacyr Santana-Silas de Oliveira)
8- Lua aberta (Paulo Frederico-João de Aquino)
9- Rose (Nelson Rufino-Ederaldo gentil)
10- Samba do sofá (Geraldo Babçao-Dicró)
11- Meu pranto continua (Walter de Oliveira-Jorge Lucas)
12- Moda-ruê (Wilson Moreira)

Download:
http://rapidshare.de/files/11500765/05_arrasta_povo_1976.zip.html

14 outubro 2006

Disco "Molejo" - 1975 - Odeon.

Primeiro disco próprio do compositor, "Molejo" começa a definir o rumo na carreira do artista, que seria fazer discos gravando grandes compositores, compositores da Serrinha, sambas do Império Serrano e músicas que resgatam a sua origem afro. Este é daqueles típicos discos do compositor, que ao ouvirmos, nos deliciamos com as excelentes músicas, com sua voz e com os músicos. O cavaquinho certeiro, sem floreios, é recheado com as baixarias sem fim no violão de 7 cordas.
O disco começa com "Sinto", música linda de Jorge Lucas, irmão de sua esposa - Liette de Souza. "Meu Baio e balaios" de Wilson Moreira é um sambinha meio calangueado da melhor qualidade. Depois somos brindados com a belíssima "Estrela de Madureira", samba-enredo que perdeu a disputa na quadra da Serrinha. Sinceramente não sei o samba ganhador, mas deve ter sido um samba antológico, ou então ... Aliás a introdução do 7 cordas é maravilhoso. E a volta do samba com as pastoras puxando e o Roberto Ribeiro "regendo" é simplesmente demais.
"Até manhã" é um partido alto engraçado de Riachão. Segue o disco com "Drama universal" e a clássica "Só pra chatear".
"Eu mandei fazer um terno. Só pra chatear. Com o gola amarela. Só pra chatear. Mandei bordar na lapela, ..."
A forma como o intéprete conduz este samba é algo inenarrável. Só ouvindo.
A música que dá título ao disco é um calanguinho de Hermínio e João de Aquino. O disco segue com "Leonel/Leonor" de Wilson Moreira e Neizinho e "Manhã de Primavera" de Cristiano Rodrigues.
A próxima sequência é simplesmente demais: "Proposta amorosa" de Monarco e "Os cinco bailes da história do Rio", samba-enredo de autoria de D. Ivone Lara, Bacalhau e Silas de Oliveira ( o rei do laiá-laiá). Aliás, samba este, único que ganhou em quadras tendo uma mulher como autora.
O disco termina com "Laboriô", resgatando as origens negras de Roberto Ribeiro.

1 - Sinto (Jorge Lucas)
2 - Meu baio e meus balaios (Wilson Moreira)
3 - Estrela de Madureira (Cardoso-Alcyr Pimentel)
4 - Até manhã (Riachão)
5 - Drama universal (Zé Keti)
6 - Só pra chatear (Príncipe Pretinho)
7 - Molejo (Hermínio Belo de Carvalho-João de Aquino)
8 - Leonel/Leonor (Neyzinho-Wilson Moreira)
9 - Manhã de Primavera (Cristiano Fagundes)
10 - Proposta Amorosa (Monarco)
11 - Os cinco bailes da história do Rio (D. Ivone Lara-Bacalhau-Silas de Oliveira)
12 - Laboriô (Mara Gomes)

Download:
http://rapidshare.de/files/11459845/Roberto_Ribeiro_-__molejo_1975.zip.html

13 outubro 2006

Tributo ao Roberto Ribeiro no Teatro João Caetano !!!

Alex Ribeiro "filho do sambista" e o Grupo Caviúna homenageiam Roberto Ribeiro com a participação especial de Noca da Portela, Marcelo Guimarães, Délcio Carvalho, Diogo Nogueira, Toninho Gerais, Zé Luiz do Império e Monarco.
Dia: 25/10/06 18:00hs.
Fonte: Comunidade "Roberto Ribeiro" do Orkut

10 outubro 2006

Disco "Sangue, Suor e Lágrimas" - Roberto Ribeiro e Elza Soares - 1972 - Odeon

Primeiro disco de Roberto Ribeiro e feito em dupla com Elza Soares, "Sangue, Suor e Lágrimas" é um disco diferente daqueles que estamos ouvir do cantor. Com arranjos em ritmo de bossa nova, sentimos de cara a falta do violão de 7 cordas e dos cavaquinhos certeiros dos discos posteriores de Roberto Ribeiro. O disco é todo gravado com teclado, violão e bateria, num total clima de bossa nova.
De qualquer maneira, neste disco já podemos nos deliciar com a voz melodiosa e o swing do artista.
O disco começa com um pout-pourri bem swingado com "Swing Negrão", "Brasil Pandeiro" de Assis Valente, e o "Samba agora vai" e " É com esse que vou", ambas de Pedro Caetano. Vale a pena conferir Elza fazendo cuíca com a voz ,na passagem de "Brasil Pandeiro" para "Samba agora vai".
A segunda faixa é só Roberto Ribeiro cantando a excelente "Aurora de um sambista". Prestem atenção na letra e na voz. O disco segue com "Domingos, domingueira", em clima de gafieira e com um trombone de vara da melhor qualidade, e em seguida a linda "Cicatrizes" de Paulo Cesar Pinheiro e Miltinho.
Olha o começo da música:
"Amor, que nunca cicatriza, às vezes ameniza a dor que a vida não amenizou."
A quinta faixa é outro pout-pouri "Isto é papel João", "Cocorocó" do Paulo da Portela e "Decadência" de Cartola.
Em "Recordações de um batuqueiro" já vem aquele clima de partido alto que Roberto Ribeiro sabia fazer como ninguém. Tem cavaquinho e tudo. Só acho que não precisava do teclado na música. As sétima e oitava faixas são "O que vem de baixo não me atinge" e "Lenço cor de rosa", ambas em clima de bossa nova.
"Sacrifício" de Maurício Tapajós e Mauro Duarte é um hino.
O disco termina com o pout-pourri de "Coisa Louca" de Ismael Silva, "A razão dá-se a quem tem", de Noel e "O que se leva desta vida" de Pedro Caetano. Sensacional este pout-pourri. Ismael Silva, Noel e Pedro Caetano. Muito bom !!!

1 - Swing Negrão(Elza), Brasil Pandeiro(Assis Valente), O samba agora vai (Pedro Caetano) e É com esse que eu vou (Pedro Valente)
2 - Aurora de um sambista (Toco)
3 - Domingos, domingueira (Eduardo Marques)
4 - Cicatrizes (Paulo Cesar Pinheiro e Miltinho)
5 - Isto é papel João (Paulo Rucshell), Cocorocó (Paulo da Portela) e Decadência (Cartola)
6 - Recordações de um batuqueiro (Xangô-J.Gomes)
7 - O que vem debaixo não me atinge(Johnny Alf)
8 - Lenço cor de rosa (Eduardo Marques)
9 - Sacrifício (Mauro Duarte-Maurício Tapajós)
10 - Coisa Louca(Ismael Silva), A razão dá-se a quem tem(Noel Rosa) e O que se leva desta vida(Pedro Caetano).

DOWNLOAD: http://rapidshare.de/files/11459044/Roberto_Ribeiro_e_Elza_Soares_-_sangue__suor_e_ra___1972.zip.html

09 outubro 2006

Homenagem ao maior intérprete de samba: Roberto Ribeiro !


Roberto Ribeiro é, na verdade, Dermeval Miranda Maciel. Nasceu em 1940 em Campos dos Goytacazes. Saiu de sua cidade natal em 1965, para tentar a vida de goleiro de futebol no Rio de Janeiro. Chegou a treinar no Fluminense, mas para nossa sorte a carreira de jogador de futebol não foi adiante.
Foi apresentado ao Império Serrano, pela irmã do compositor Jorge Lucas, quando já se apresentava em alguns programas de rádio. Em 1971, recebeu convite para puxar o samba da Império Serrano, o que o fez novamente de 1974 a 1981, quando foi o puxador oficial da escola da Serrinha.
Gravou discos notáveis (que apresentaremos neste site) e músicas memoráveis. "Favela", "Propagas", "Acreditar", "Estrela de Madureira", "Tempo Ê", "Vazio", "Todo menino é um rei", são exemplos de sambas imortalizados em sua voz melodiosa e sua cadência sem igual.
Roberto Ribeiro nos deixou, em 1996, vítima de um atroplemento em Jacarepaguá, ao mesmo tempo que sofria de problemas de visão.
Este site presta homenagem a este grande sambista, resgatando sua memória e sua voz.

Discografia:
Sangue, Suor e Raça - Roberto Ribeiro e Elza Soares - 1972
Simone et Roberto Ribeiro - 1975
Molejo - 1975
Arrasta Povo - 1976
Poeira Pura - 1977
Roberto Ribeiro - 1978
Coisas da Vida - 1979
Fala meu Povo - 1980
Massa, Raça e Emoção - 1981
Fantasias - 1982
Roberto Ribeiro - 1983
Corrente de Aço - 1985
De Palmares ao Tamborim - 1986
Sorri pra Vida - 1987
Roberto Ribeiro - 1988